A Praça Carlos Gomes encontra-se inserida no conceito de domínio público apresentado por Hertzberger, por tratar-se de um local com dimensões amplas e planejadas para interagir com o aspecto colonial da cidade, oferecendo algum conforto a seus usuários.
A praça atua dentro da lógica da cidade como um ponto de encontro para a realização de festividades, ponto turístico e local de descanso, porém suas potencialidades são pouco exploradas, uma vez que festividades e eventos são fatos pontuais e na maior parte do tempo ela fica vazia.
Como exemplo de ambientes públicos construídos temos nas proximidades da praça edificações como a Igreja da Nossa Senhora Do Carmo, o posto de saúde e o mercado municipal, edifícios estes que tem uma relação com a praça se tratando das escalas. A praça inserida no conceito de grelha apresentado por Hertzberger exerce uma escala correspondente as edificações ao redor. Já quando remetemos aos elementos em si da praça como os bancos, as vias de circulação o chafariz, as árvores os quais tem suas próprias funções fixas, como sentar, andar, enfeitar, dar sombra, e todos em conjunto formam o elemento como um todo se insere assim o conceito de ordenamento da construção apresentado por Hertzberger.
Um devido espaço e objeto podem ser utilizados de diversas formas de acordo com a necessidade e vontade do usuário, ao inserir o conceito de Utilização do espaço na praça observamos seus espaços vazios que possuem um grande potencial para atividades culturais, religiosas e até mesmo artísticas. As pessoas ao poder utilizar o espaço da praça definir o conceito de público e privado, pois sendo a Praça Carlos Gomes um local público, é uma área então acessível a todos a qualquer momento e sua manutenção é dada pelo governo.
A praça passa por várias reformas e adequações ao longo do tempo, mas continua tendo sua identidade de acordo com o conceito de funcionalidade, flexibilidade e polivalença apresentado por Hertzberger.
O autor também trata do conceito de potencialização do espaço através dos anos. Em um primeiro momento, ele descreve os canais de Amsterdam, que tinham como função inicial de sua criação o transporte de mercadorias e sistema de defesa da cidade. O que, com o passar dos anos foi se alterando dependendo da necessidade local. Hoje além de funcionar como cartão postal da cidade, é utilizado ainda como transporte, moradia e em determinadas épocas do ano, ainda assume outra função, pois com o congelamento da água no inverno, permite que os canais virem pista para patinadores de gelo. O mesmo ocorre em Oude Gracht, Utrecht.
O autor salienta que a natureza está diretamente ligada a construção das cidades e essas devem respeitar o seu espaço, para que não sofram com danos maiores. Dentro do texto, cita exemplos tais como os da cidade do Mexico, Mexcaltitan e Estagel na França. Que se adaptam as épocas de cheia dos rios e também aproveitam o espaço reservado para a passagem das águas durante os períodos de seca.
Esse reaproveitamento do espaço é mencionado no decorrer da leitura, exemplificando lugares que sofreram readaptações tanto em função, como em projeto, como no caso do Viaduto da Praça da Bastilha, Paris. Continuando, o autor ainda se refere a espaços que sofreram alterações modernas ao seu entorno, sendo engolido pelo novo, porem sem sofrer agreção arquitetônica. E por último retrata a utilização de um espaço através de suas infinitas possibilidades com o uso móvel da decoração. Um espaço específico pode ser um lugar de oração, moradia, festa, sem interferir na crença e ou marginalização do local.
Trazendo o texto para a análise da praça localizada próximo ao Solar da Baronesa, na cidade de São João Del Rei, o nosso instrumento de trabalho para a intervenção. Podemos observar facilmente esses conceitos trazidos pelo autor. Logo na chegada, podemos observar a reutilização do Solar, hoje como centro cultural da Ufsj que durante o decorrer dos anos assumiu inúmeras atribuições do seu espaço. A própria praça que em determinadas datas assume uma nova configuração com a montagem de barracas para as festas religiosas e as construções modernas que não ofuscaram e tão pouco confrontaram com os já presentes.
Nesse capítulo do texto, é exposta como a visão tida sobre a arquitetura mudou a partir do século XX. Aborda a temática de como a arquitetura deve mexer com diferentes experiências do expectador, e que essa sim é a verdadeira função da arquitetura. Função de ser transparente, expondo o seu funcionamento sem necessitar de maiores explicações. A partir daí, no mundo de hoje, não podemos nos contentar em ver a arquitetura como sendo meramente decorativo. É preciso unir o útil ao agradável.
A arquitetura deve ser também algo mutável, para se adaptar às diferenças, tanto do tempo, quanto da finalidade do seu uso. Se por exemplo, será usado para uma aula ou se para um show. E isso sem contar á adaptação das diferentes pessoas que usarão aquele espaço de alguma maneira, respeitando suas restrições e atendendo às suas expectativas.
Com a praça aplica-se esse conceito. As pessoas se adaptaram, com o tempo, com as restrições daquele espaço. E apesar das pessoas usarem o espaço de maneira restrita – não se pode andar pelo gramado, por exemplo –, esse espaço ocupado pelo gramado não é considerado algo inútil, pois a percepção do espaço é feita, antes de tudo, pelo que podemos enxergar.
Grupo: Amanda, Marcelo, Gustavo, Shayene, Eduardo.
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